Para Planalto, acusação contra Temer pode afetar a
governabilidade
15/06/2016 20h33
A denúncia de que o presidente
interino, Michel Temer, teria pedido doação de
recursos ilícitos para a campanha a prefeito de São Paulo de
Gabriel Chalita em 2012 foi classificada pelo Palácio do Planalto como
"muito ruim para a governabilidade", principalmente para um governo
interino.
O receio é que novas denúncias
causem impacto negativo na imagem da nova gestão e acabem com a "lua de
mel" da administração peemedebista no Congresso Nacional. A informação do
pedido consta da delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
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Gabriel Chalita e Temer durante campanha em 2012
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A divulgação do conteúdo da
delação de Machado atrapalhou os planos do Palácio do Planalto, que esperava
ter um dia de notícias positivas com o anúncio da proposta de criar um teto
para os gastos públicos da União.
Lançada pela manhã pelo próprio
Temer em reunião com líderes, a proposta do teto foi bem recebida pelo mercado,
mas foi ofuscada no início da tarde quando começaram a ser publicados trechos
da delação premiada de Sérgio Machado citando o nome do presidente interino.
Com receio de que a informação
estimule panelaços, o peemedebista foi aconselhada a excluir de vez a
possibilidade de convocar na sexta-feira (17) cadeia de televisão e rádio para
pronunciamento à nação, o que era avaliado até então.
A nota oficial da Secretaria de
Comunicação Social da Presidência foi distribuída no final da tarde desta
quarta-feira (15), dizendo ser "absolutamente inverídica a versão de que
[Temer] teria solicitado recursos ilícitos ao ex-presidente da
Transpetro".
Acrescenta que "Sérgio
Machado" é "pessoa com que [o presidente] mantinha relacionamento
apenas formal e sem nenhuma proximidade.
O texto afirma ainda que,
"em toda sua vida pública, o presidente sempre respeitou estritamente os
limites legais para buscar recursos para campanhas eleitorais" e
"jamais permitiu arrecadação fora dos ditames da lei, seja para si, para o
partido e, muito menos, para outros candidatos que, eventualmente, apoiou em
disputas".
Em sua delação, Sérgio Machado,
indicado para presidência da Transpetro por peemedebistas do Senado, diz que
conversou com Temer na Base Aérea de Brasil, provavelmente em setembro de 2012,
para acertar uma doação de R$ 1,5 milhão.
Machado diz que "o contexto
da conversa deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o
depoente era que este solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham
contratos com a Transpetro na forma de doação oficial.
REGISTROS
Segundo assessores, Temer não se
recorda ter tido algum encontro com Machado na Base Aérea de Brasília, mas
lembra de tê-lo recebido no Palácio do Jaburu e no gabinete da
Vice-Presidência.
Para dirimir a dúvida, o Palácio
do Planalto chegou a até mesmo pedir para a Força Aérea Brasileira registros de
entrada e saída na Base Aérea em 2012.
Em conversa com sua equipe, Temer
afirmou ainda que não fez nenhum pedido de doação diretamente a Machado,
lembrando que ele era ligado ao PMDB do Senado.
Auxiliares afirmam não descartar
a possibilidade de algum líder do PMDB ter feito o pedido ao então presidente
da Transpetro, mas dizem que não foi Temer.
Um amigo do presidente afirmou à Folha que
o presidente, em suas campanhas, não costuma fazer pedidos diretos de doação de
campanha e prefere que isto seja feito por sua equipe.
Apesar de reafirmarem que Temer
não fez nenhum pedido de doação ilícita, auxiliares estavam preocupados com a
informação porque, segundo eles, ela já seria ruim num período de normalidade,
mas ganha maior impacto negativo para um governo interino que precisa se
firmar.
Fonte de informações da Folha de
São Paulo.
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