segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Planilha da Odebrecht tem 270 nomes, mas contra Palocci há convicção

Brasil

Planilha da Odebrecht tem 270 nomes, mas contra Palocci há convicção

Reprodução
  
"Há indícios de que o ex-ministro atuou de forma direta a propiciar vantagens econômicas ao grupo empresarial nas mais diversas áreas de contratação com o poder público, tendo sido ele próprio e personagens de seu grupo político beneficiados com vultosos valores ilícitos", disse a Polícia Federal.

A prisão tem como fundamento uma planilha apreendida em março deste ano nos escritório da empreiteira com mais de 270 nomes, incluindo dos senadores tucanos Aécio Neves (PSDB-MG) e José Serra (PSDB-SP).

Apesar da planilha conter nomes de pessoas ligadas a 24 partidos, Moro escreveu em seu despacho para decretar a prisão de Palocci: "A planilha tem aparência de uma espécie de conta corrente informal do Grupo Odebrecht com agentes do Partido dos Trabalhadores".

Para sustentar a tese, o Ministério Público Federal (MPF) do Paraná reuniu e-mails e anotações apreendidos em fases anteriores da Lava Jato que "indicam", isso mesmo "indicam que os acertos de pagamentos das contrapartidas eram tratados entre Antônio Palocci em reuniões presenciais – as quais foram, inclusive, realizadas por diversas vezes nos endereços residencial e profissional do ex-ministro - agendadas por intermédio de contato telefônico ou por e-mail com seu assessor".

Ou seja, o MPF acusa com base na suposição de que o tema da reunião foi a suposta propina. Novamente, não tem provas, mas tem convicções.

Como se não bastasse, a Lava Jato também diz que encontrou indícios do suposto envolvimento de Palocci na aquisição de um terreno, na Vila Clementino, que seria destinado a abrigar a nova sede do Instituto Lula.

"A partir das provas analisadas, há indicativos de que a aquisição do terreno inicialmente destinado ao Instituto Lula foi acertada com o ex-ministro, tendo sido o valor debitado das vantagens indevidas pactuadas", disse o MPF.

Como parte do espetáculo da Lava Jato, a prisão de Palocci foi anunciada antecipadamente pelo ministro da Justiça de Michel Temer, o tucano Alexandre de Moraes, que participava de ato da campanha para prefeito, neste domingo (25), de Duarte Nogueira, também do PSDB. Duarte é de Ribeirão Preto (SP), cidade de Palocci, e portanto, seu adversário político.

Disse Moraes durante o ato: “Teve a semana passada e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem [a nova operação da Lava Jato contra petistas esta semana, vão se lembrar de mim“.

Como aponta o jornalista Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania, Duarte Nogueira foi secretário estadual de Logística e Transportes do governo Alckmin e deixou o cargo recentemente após ter sido citado na Operação Alba Branca, que investiga fraude na merenda escolar em São Paulo.

O jornalista destaca a ironia do fato de Duarte também figura entre os nomes da lista da Odebrecht que levou a prisão de Palocci. "Nogueira consta na planilha por ter recebido doações da Odebrechet nas eleições de 2010, 2012 e 2014, totalizando R$ 540 mil", afirma Eduardo Guimarães.



E conclui: "Curiosamente, os valores que a Odebrecht paga a petistas são vistos pela Lava Jato como indícios de corrupção e fazem Moro e cia. pedirem a prisão dos suspeitos antes de sequer serem julgados. Já no caso de políticos do PSDB ou do PMDB, é o contrário. Apesar das provas, sentem-se tão seguros de que não serão incomodados que chegam a debochar da lei".
 

Do Portal Vermelho, com informações de agências e Blog da Cidadania

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