quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Senadores exigem mais discussão sobre venda de dívida pública

Brasil

Senadores exigem mais discussão sobre venda de dívida pública 


Agência Senado
  
Acordo fechado pelas lideranças partidárias estabelece que o texto seguirá em regime de urgência para ganhar prioridade quando voltar ao Plenário, e deverá ser votado entre o final de outubro e o início de novembro.

Durante a sessão desta terça-feira, o projeto foi criticado pelos senadores Roberto Requião (PMDB-PR), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Kátia Abreu (PMDB-TO), que manifestaram preocupação com descontroles fiscais que a medida pode acarretar.

Desastre anunciado


Requião chamou a proposta de "desastre anunciado", observando que trata de uma Antecipação de Receita Orçamentária (ARO) sem a previsão de liquidação no mesmo ano, o que é vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

O projeto permite que um chefe de Executivo venda dívidas públicas parceladas que ultrapassam o final da sua gestão, obtendo assim receitas de créditos futuros. Lindbergh Farias advertiu que essa brecha poderia resultar em gestões presentes comprometendo a programação futura dos cofres públicos.

“Um administrador, tendo esse instrumento, vai antecipar tudo. Governadores e prefeitos vão tentar resolver o seu problema, gerando uma crise futura”, observou, salientando que o procurador junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo de Oliveira, aponta a eventual operação não como venda de ativos, mas como crédito, o que é vedado pela LRF.

O texto não estipula limite para o deságio da negociação do crédito — a diferença entre o valor nominal e o valor negociado da dívida repassada, sendo este último mais baixo. Kátia Abreu disse que esse vácuo é "temerário", pois prefeitos e governadores em situação fiscal preocupante podem cair em negociações desvantajosas em face da necessidade de obter receita rapidamente.

A permissão para venda de créditos, criada pelo projeto de lei de autoria do senador licenciado José Serra (PSDB-SP), vale para todos os entes da Federação e serviria para aumentar a arrecadação da União, dos estados e dos municípios.  
 

De Brasília, com Agência Senado 

Nenhum comentário: