- comercio do jahu
O candidato à reeleição Rafael Agostini (PSB) nega que tenha conduzido seu mandato projetando este momento, em que concorre para permanecer na Prefeitura pelos próximos quatro anos. Ao justificar por que não cumpriu o projeto de transformar Jaú em uma “cidade digital”, o chefe do Executivo diz que precisou mudar as metas ao perceber a situação dos cofres públicos. Para ele, ainda assim, foi possível avançar em áreas que não recebiam investimentos há muitos anos. Na quarta entrevista com os postulantes à Prefeitura, Agostini esclarece em que estágio se encontram as obras do PAC.
A entrevista original tem 40 minutos e vai ser disponibilizada na íntegra na próxima semana no Facebook do Comércio (www.facebook.com/comerciodojahu).
Comércio do Jahu – Você construiu o seu primeiro mandato para concorrer à reeleição?
Rafael Agostini – Não. Eu pensei mais no legado que nossa administração iria deixar do que na questão política. Isso não significa que a gente não queira continuar. Eu pensei mais no que a cidade precisava, no momento histórico em que a administração aconteceu.
Comércio – Há quatro anos, uma das propostas basilares da campanha era uma cidade integrada, digital. Por que isso não deu certo?
Agostini – No primeiro dia de trabalho tinha fila de gente com cheque sem fundos, fornecedor que não recebia, empresa que deixava de fornecer remédio, credores das mais diversas áreas. Tinha R$ 2 milhões na conta e aproximadamente R$ 30 milhões de restos a pagar. Uma situação dramática, caótica. Dentro desse cenário todo, o meu sonho era menos importante que a necessidade imediata.
Comércio – Muitas dessas questões já eram conhecidas durante a campanha...
Agostini – Nós não tínhamos informações, aliás, tivemos uma transição muito complicada. Não tivemos acesso à realidade dos contratos. Sabíamos menos ainda da situação dramática do caixa da Prefeitura.
”Jaú não é
uma ilha de isolamento”
Comércio – Em 2014, a Prefeitura adquiriu a área para o cemitério a R$ 8,4 milhões. Por que o cemitério ainda não saiu do papel?
Agostini – Tivemos que pagar pela desapropriação e já pagamos. A área tem todas as licenças, prévia e de instalação, restando apenas a de operação, que é tirada quando do funcionamento. Não há risco de caducidade. Temos que fazer as obras exigidas nas licenças. Essas obras custam dinheiro e nós tínhamos uma série de outras obras que precisavam ser entregues. Se a gente tivesse iniciado com o cenário econômico que estávamos enfrentando, não teríamos finalizado outras que estavam em andamento. O valor foi definido por meio de avaliação técnica, tanto que o Tribunal de Contas auditou esse processo e não fez nenhum tipo de apontamento. As obras estão em fase de licitação.
Comércio – A UPA era um projeto para o primeiro ano da administração...
Agostini – A obra está concluída. O que estamos fazendo é a licitação para contratação do grupo que vai fazer o gerenciamento desta UPA. Estamos optando por fazer uma terceirização do serviço. É importante dizer que essa obra da UPA tinha sido orçada em R$ 6 milhões na administração passada e nós licitamos em valor mais em conta.
Comércio – No primeiro ano de gestão, a Prefeitura procedeu à revisão da planta genérica em 40% e a concessão do Saemja. Você se arrepende?
Agostini – Eu fiz o que tinha que fazer. Faltava água na cidade toda, o Saemja tinha uma frota da década de 70, não conseguia tapar buracos. Tinha buraco do Saemja na cidade inteira. Concessão não é venda nem privatização. Você delega a prestação de serviço por um tempo determinado e a contraprestação disso é o investimento. São mais de R$ 60 milhões. A revisão da planta foi necessária. O valor venal dos imóveis estava altamente desatualizado. Hoje a cidade é uma cidade melhor do que era, as ruas de 50 bairros foram asfaltadas, temos creches que foram entregues, as unidades de saúde foram reformadas, reabrimos o São Judas, trouxemos o Poupatempo para um prédio que a própria Prefeitura construiu, entregamos mais de 1,3 mil casas graças a esse equilíbrio nas contas públicas...
Comércio – A impressão que se tem é que é difícil viabilizar alguns investimentos em Jaú, pela iniciativa privada. Em um eventual segundo mandato, quais suas propostas para modernizar e facilitar investimentos?
Agostini – Nós temos que compreender que vai ser muito difícil ver uma cidade que tenha conseguido expandir o seu nível de industrialização. Há uma retração da indústria em todo o Brasil. Jaú não é uma ilha de isolamento. Todas as cidades tiveram retração. Para a cidade ser atrativa tem que receber investimentos em infraestrutura. Jaú tinha uma estrutura de saneamento, água, esgoto e drenagem dos anos 90. Uma empresa de grande porte não vai se instalar em uma cidade que tenha dificuldades em levar água para as zonas industriais. Nós investimentos naquilo que era básico.
”O meu sonho
era menos importante que a necessidade imediata”
Comércio – Em setembro faz um ano que você deixou o PT. Essa medida foi uma forma de proteção?
Agostini – Tudo na vida tem limite. Não faz parte do meu caráter cuspir no prato que comi, mas não dá para a gente se responsabilizar pelos erros dos outros. Saí, mas busquei sair de uma forma digna.
Comércio – Em que pé estão as obras do PAC em Jaú?
Agostini – Muitas pessoas não têm a informação adequada sobre a obra do PAC. Muitos esperavam que a obra seria colocar pedalinho de novo no Lago do Silvério. Aquela enchente de 2011 em Jaú aconteceu principalmente por conta do volume de água da bacia do Córrego do Pires não ter mecanismo de contenção. Quando chovia, o lago não tinha condição de segurar a água. No início deste ano, nós tivemos um índice pluviométrico bastante elevado, e não tivemos problemas com enchentes. Boa parte disso se deve ao desassoreamento e outra parte à obra do PAC. A Caixa já autorizou a reprogramação e nós estamos aguardando a renovação da licença ambiental para elas serem reiniciadas.
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